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WTorre: reestruturação, foco em galpões e arenas e desafios financeiros

A WTorre, após a morte do fundador Walter Torre e uma reestruturação financeira que reduziu sua dívida de R$ 3 bilhões para cerca de R$ 1 bilhão, foca em investimentos nos setores de galpões logísticos, arenas esportivas, propriedades comerciais e construção. A empresa aposta em parcerias público-privadas e possíveis captações para novos projetos, mantendo gestão profissionalizada e estratégia cautelosa na expansão.

WTorre vive um momento de transformação. Com gestão profissionalizada e foco em galpões logísticos e arenas esportivas, a empresa busca recuperar seu fôlego no mercado, apesar dos desafios financeiros recentes. Quer entender como isso impacta o setor e possíveis oportunidades? Continue lendo.

O legado e os desafios financeiros da WTorre após a morte do fundador

Há pouco mais de quatro anos, a WTorre enfrentou uma grande mudança com a morte do fundador Walter Torre. Ele foi uma figura forte, que deixou um legado cheio de obras importantes e um jeito ousado de fazer negócios. A empresa tem um histórico de altos e baixos, principalmente por causa da dívida que acumularam ao longo dos anos.

Após a morte de Walter, a WTorre passou por uma fase difícil, com uma dívida que chegou perto de R$ 3 bilhões em 2021. Para enfrentar esse desafio, a empresa realizou uma longa reestruturação. Venderam ativos e conseguiram reestruturar a dívida tributária, reduzindo multas e juros, e parcelaram o restante para pagar aos poucos.

A gestão mudou bastante. Hoje, o conselho conta com a família Torre e executivos de mercado. A presidência está nas mãos de Marco Siqueira, que tem experiência em grandes empresas. A nova diretoria financeira, liderada por André Ackermann, também trouxe profissionalização para a empresa.

Apesar das dificuldades financeiras, a WTorre segue firme, pagando suas dívidas em dia e buscando novas oportunidades. O foco atual é equilibrar a dívida e investir em projetos que vão garantir receita a longo prazo. Assim, a empresa mantém vivo o legado de Walter, mas adaptando a gestão para um mercado mais competitivo.

Os quatro braços de negócios da WTorre: galpões, arenas, propriedades e construção

A WTorre atua em quatro principais áreas de negócio, cada uma com seu foco e estratégias específicas. O primeiro é o setor de galpões logísticos, operado pela marca WTLog. Esse segmento envolve construir galpões para alugar ou vender. O plano inclui investir R$ 1 bilhão nos próximos anos, focando em cidades como São Paulo, Curitiba e Recife.

Antes de iniciar uma obra, a empresa busca garantir pelo menos metade dos aluguéis. Isso traz segurança financeira e evita riscos desnecessários. Um exemplo é o centro de distribuição em Cravinhos, usado pelo Mercado Livre.

O segundo braço é o entretenimento, com a empresa Real Arenas, que administra o Allianz Parque, em São Paulo. A WTorre também negocia reformas de arenas famosas, como a Vila Belmiro, do Santos, e o Morumbi, do São Paulo. Esses projetos vão exigir mais de R$ 2 bilhões e serão financiados por vendas de ingressos VIP, camarotes e direitos de nome.

Outro negócio importante é o de propriedades comerciais urbanas. A empresa já fez o Alto das Nações, que tem o prédio mais alto de São Paulo, com 39 andares. Eles também continuam negociando novos projetos comerciais, focando em prédio de escritórios e espaços de alto padrão.

Por fim, há o segmento de construção. Aqui, a WTorre presta serviços de engenharia para clientes internos e externos. Esse braço é vital para apoiar os outros três negócios, garantindo qualidade e eficiência nas obras.

Estratégias para redução da dívida e parcerias financeiras

A WTorre adotou várias estratégias para reduzir a dívida e fortalecer as finanças. Um dos passos mais importantes foi a reestruturação da dívida tributária de R$ 700 milhões com a Receita Federal. Isso incluiu o abatimento de multas e juros, além de parcelar o saldo em até 120 meses, o que facilitou o pagamento.

Além disso, a empresa vendeu ativos valiosos, como o complexo Alto das Nações, que foi adquirido por R$ 1 bilhão. Essa venda ajudou a reduzir significativamente a dívida total, que em 2021 estava perto de R$ 3 bilhões e caiu para aproximadamente R$ 1 bilhão.

Ainda existem cerca de R$ 580 milhões em dívida relacionada à construção do Allianz Parque. Essa dívida foi vendida para uma empresa de recuperação de crédito, mas a WTorre segue pagando rigorosamente em dia, mostrando compromisso financeiro.

Para o futuro, a WTorre avalia a formação de parcerias financeiras e joint ventures para financiar grandes projetos. Também considera a possibilidade de atrair sócios ou acessar o mercado de capitais, se as condições econômicas forem favoráveis, sempre buscando manter uma gestão financeira responsável e transparente.

Perspectivas futuras: parcerias público-privadas e possíveis captações

A WTorre está focada em grandes projetos futuros, especialmente em parcerias público-privadas como a que será lançada pelo Governo de São Paulo. Esse projeto de R$ 4,7 bilhões visa construir a nova sede no bairro dos Campos Elíseos, com edital previsto para a metade do ano e licitação no segundo semestre.

Por ser um investimento grande, a empresa considera formar consórcios com outras companhias para dividir os custos e esforços. Essa estratégia ajuda a reduzir riscos e fortalecer a capacidade financeira do grupo.

Além das parcerias, a WTorre avalia captar recursos para acelerar seus investimentos. Uma possibilidade é atrair sócios, como gestoras de private equity, que investem em empresas com potencial de crescimento.

A abertura de capital na Bolsa não é a prioridade, mas a empresa mantém uma boa governança para estar pronta caso decida acessar o mercado de capitais. Assim, a WTorre se prepara para aproveitar as melhores oportunidades do mercado no médio prazo.

Calebe Santos

Calebe Santos é um jornalista experiente, com mais de 15 anos de atuação cobrindo temas como empreendedorismo, estratégias de vendas, inovação e comportamento de consumo. Ao longo de sua carreira, desenvolveu um olhar atento para os movimentos do mercado e tornou-se referência em traduzir pautas complexas do mundo dos negócios para uma linguagem clara, acessível e relevante.

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