Economia

Atualização das NDCs no Acordo de Paris: desafios e perspectivas para o Brasil

O Brasil apresentou sua NDC atualizada para 2035, com meta de reduzir entre 59% e 67% as emissões de gases de efeito estufa em relação a 2005. Apesar dos avanços, especialistas consideram que ainda falta ambição para limitar o aquecimento global a 1,5ºC. A maior parte das emissões brasileiras vem do desmatamento, e o país projeta zerar o desmatamento ilegal até 2030. O governo defende que está no caminho certo para neutralizar as emissões até 2050, conciliando desenvolvimento e proteção ambiental. O papel do Brasil como sede da COP-30 destaca sua liderança na pauta climática regional e global, exigindo compromissos mais firmes e ações coordenadas para enfrentar as mudanças climáticas.

NDC é um termo que você tem ouvido cada vez mais, especialmente quando o assunto é clima e meio ambiente. Mas o que esses compromissos significam na prática, e qual o impacto para o Brasil diante do desafio de reduzir emissões e liderar a próxima COP? Vamos entender juntos esse cenário.

Entenda o que são as NDCs e seu papel no Acordo de Paris

As NDCs são compromissos que cada país assume para reduzir a emissão de gases que causam o aquecimento global. Elas foram criadas pelo Acordo de Paris para ajudar a limitar o aumento da temperatura mundial a 1,5ºC. 

Cada país deve enviar sua contribuição nacionalmente determinada a cada cinco anos, aumentando a ambição das metas anteriores. As NDCs mostram os objetivos e as ações que o país pretende tomar para proteger o meio ambiente e a população.

Esses documentos são importantes porque definem metas claras para cortar gases prejudiciais, como carbono, metano e óxido nitroso. Além disso, indicam formas de adaptação para enfrentar eventos climáticos extremos.

O atraso na entrega das NDCs prejudica o monitoramento global e a confiança entre países. O Brasil, por exemplo, já entregou sua NDC atualizada, mas o documento ainda é considerado pouco ambicioso por especialistas.

Entender as NDCs é essencial para acompanhar como os países colaboram para combater a mudança climática e para exigir mais compromisso e transparência nas ações.

Prazo e atraso na apresentação das NDCs pelos países

O Acordo de Paris determina que as NDCs sejam atualizadas a cada cinco anos. Em 2025, o prazo limite para envio era 10 de fevereiro. Porém, poucos países cumpriram essa data. Apenas 13 de 195 países entregaram suas atualizações inicialmente.

Devido a isso, o prazo foi estendido até setembro. Com a extensão, outros oito países enviaram seus documentos, totalizando 21 até agora. Muitos países importantes seguidores das metas climáticas ainda não entregaram as atualizações.

O Brasil foi um dos primeiros a cumprir, ficando atrás apenas dos Emirados Árabes Unidos. Países como China, União Europeia e Índia ainda estão em atraso. Esse atraso dificulta o acompanhamento global das ações contra as mudanças climáticas.

Especialistas apontam que esse atraso transmite uma mensagem negativa e cria riscos de procrastinação nas ações ambientais. Organismos internacionais já começaram a notificar formalmente nações que descumprem os prazos. Esse movimento mostra maior cobrança para que as metas sejam cumpridas.

Uma possível razão para o atraso é o volume de trabalho. Muitos países entregaram também relatórios de transparência em 2024. As mesmas equipes responsáveis por esses relatórios cuidam das NDCs, o que dificultou a organização.

Disputas políticas internas e a necessidade de alinhar blocos, como a União Europeia, contribuem para a demora. Isso mostra que, além do aspecto técnico, fatores políticos influenciam o cumprimento dos prazos.

O atraso na entrega das NDCs prejudica a confiança entre países, empresas e sociedade. Além disso, pode atrasar investimentos e criar incertezas sobre os compromissos reais de redução das emissões.

Análise da NDC brasileira e seus objetivos para 2035

A NDC brasileira tem metas claras para 2035. O país pretende reduzir suas emissões de gases do efeito estufa entre 59% e 67% em relação a 2005. Naquele ano, o Brasil emitiu cerca de 2,5 bilhões de toneladas de CO₂.

Assim, a meta para 2035 prevê emissões entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO₂. Essa redução tem grande influência das mudanças no uso do solo, especialmente do desmatamento.

O Brasil estabeleceu que o desmatamento ilegal deve ser zerado até 2030. Se isso acontecer, será um avanço importante para cumprir a NDC. Outros setores, como agricultura, energia e transporte, também precisam contribuir.

Especialistas consideram que a NDC cobre toda a economia e gases de efeito estufa. Contudo, avaliam que a ambição ainda não é suficiente para alcançar a meta de manter o aquecimento abaixo de 1,5ºC.

O Ministério do Meio Ambiente afirma que o país está no caminho certo para neutralizar as emissões até 2050. Neutralizar significa compensar o carbono emitido, por exemplo, com o plantio de árvores.

A NDC reflete os compromissos de mitigação e adaptação do Brasil, indicando caminhos para políticas internas que também podem gerar empregos, melhorar a saúde e proteger a população.

Estar na liderança da próxima COP30, que será em Belém, dá ao Brasil um papel estratégico para influenciar metas climáticas e fomentar cooperação regional.

Impacto das emissões de mudanças no uso do solo no Brasil

As mudanças no uso do solo são a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa do Brasil. Isso acontece porque o desmatamento libera grandes quantidades de carbono armazenado nas florestas.

O Brasil tem focado em zerar o desmatamento ilegal até 2030. Essa medida é fundamental para ajudar a cumprir as metas de redução da NDC brasileira.

Quando uma área de floresta é transformada em pasto ou terreno agrícola, o carbono contido nas plantas e no solo é liberado na forma de dióxido de carbono, um dos gases que mais contribui para o aquecimento global.

Além do impacto ambiental, o desmatamento afeta a biodiversidade, o clima local e a vida das comunidades que dependem da floresta para sobreviver.

Outros setores, como a agricultura, energia e transporte, também geram emissões, mas o uso do solo é o mais relevante para o Brasil. Por isso, controlar o desmatamento é chave para atingir a meta de emissões.

Investir no manejo sustentável e na restauração florestal pode ajudar a capturar carbono, reduzindo o impacto das emissões já geradas.

Para alcançar as metas das NDCs, o país precisa combinar ações para reduzir o desmatamento com políticas que promovam o desenvolvimento econômico e social.

Desafios para o Brasil ampliar a ambição nas metas climáticas

O Brasil enfrenta vários desafios para ampliar a ambição nas suas metas climáticas. Um deles é equilibrar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental. O país precisa crescer e, ao mesmo tempo, reduzir emissões de gases que causam o aquecimento global.

Grande parte das emissões brasileiras vem do desmatamento, especialmente na Amazônia. Controlar essa prática ilegal é essencial, mas esbarra em questões sociais e econômicas.

Outro desafio é adaptar as metas à realidade do país, que tem uma matriz energética diversificada e setores industriais com diferentes níveis de impacto ambiental.

Além disso, o Brasil precisa avançar na melhoria das regras para licenciamento ambiental. Essas regras influenciam diretamente projetos que podem emitir gases de efeito estufa.

A falta de envolvimento e pressão da sociedade civil pode dificultar a cobrança por medidas mais firmes. As discussões políticas internas também podem atrasar decisões importantes.

Apesar das dificuldades, o país tem um papel importante como líder regional, especialmente porque sediará a COP30. Essa posição traz a responsabilidade de mostrar compromissos mais ambiciosos.

Finalmente, o sucesso depende da transparência nas ações, do fortalecimento das políticas públicas e do diálogo constante entre governo, setor privado e sociedade.

Papel do Brasil como sede da COP-30 e liderança regional

O Brasil terá um papel de destaque como sede da COP-30, que será realizada em Belém, no Pará, em novembro de 2025. Isso traz uma oportunidade única para o país mostrar liderança nas discussões climáticas globais.

Como anfitrião, o Brasil poderá convocar os países a enviarem metas mais ambiciosas e cumprir os compromissos do Acordo de Paris. Essa responsabilidade aumenta a importância das ações nacionais no combate às mudanças climáticas.

Além disso, o evento pode fortalecer a cooperação regional, principalmente com países vizinhos que também têm partes da Amazônia em seus territórios. A união regional pode impulsionar esforços de mitigação e adaptação ao clima.

Ser sede da COP-30 também ajuda o Brasil a atrair investimentos para projetos verdes e criar novas frentes de apoio, acelerando a transição para uma economia mais sustentável.

O país pode usar essa visibilidade para ampliar o diálogo entre governo, setor privado e sociedade civil. Essa integração é essencial para garantir metas claras e ações eficazes.

A liderança no evento reforça o compromisso brasileiro em desenvolver políticas internas que promovam a redução de emissões e a adaptação aos impactos climáticos.

Finalmente, estar à frente da COP-30 coloca o Brasil como protagonista nas discussões internacionais e aumenta a pressão para cumprir e superar suas metas climáticas.

Importância das NDCs para o setor privado e sociedade civil

As NDCs são essenciais para o setor privado e a sociedade civil. Elas funcionam como bússolas que indicam metas claras para a redução das emissões. Empresas usam essas metas para alinhar seus planos ambientais, evitando riscos e incertezas.

Quando as NDCs não são atualizadas ou claras, há maior chance de atrasos em investimentos e até práticas de greenwashing, que é quando empresas fingem ser sustentáveis sem agir de fato.

Além disso, as NDCs ajudam a direcionar investimentos verdes, como energia limpa e projetos de preservação ambiental. Para o setor privado, elas são uma referência prática para seguir padrões mais sustentáveis.

Para a sociedade civil, essas metas são ferramentas que permitem monitorar e cobrar ações dos governos. Organizações públicas e privadas usam as NDCs para participar das discussões e propor melhorias.

No Brasil, a NDC está integrada ao Plano Clima, que detalha ações específicas para cada setor da economia. Isso facilita que empresas e comunidades entendam seu papel no combate às mudanças climáticas.

Assim, a participação ativa do setor privado e da sociedade é fundamental para que as NDCs se transformem em ações reais, melhorando a saúde, gerando empregos e protegendo o meio ambiente.

Eventos como a COP30 também ajudam a aumentar a visibilidade dessas ações e fortalecer o compromisso coletivo.

Calebe Santos

Calebe Santos é um jornalista experiente, com mais de 15 anos de atuação cobrindo temas como empreendedorismo, estratégias de vendas, inovação e comportamento de consumo. Ao longo de sua carreira, desenvolveu um olhar atento para os movimentos do mercado e tornou-se referência em traduzir pautas complexas do mundo dos negócios para uma linguagem clara, acessível e relevante.

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