Economia

Com Trump de volta, greenwashing perde força e investidores repensam clima

Com a volta de Trump, o greenwashing perde força, pois desaparece o incentivo para parecer sustentável sem agir. Investidores ganham urgência, enquanto o mercado brasileiro ainda ignora o risco climático. Estratégias como stewardship ajudam na transição socioambiental.

Greenwashing tem sido uma das práticas mais discutidas no mercado financeiro, especialmente após o retorno de Donald Trump à Presidência dos EUA. Será que esse cenário pode acabar motivando ações mais reais contra as mudanças climáticas? É o que vamos entender.

O impacto da volta de Trump na agenda climática

Desde que Donald Trump voltou à presidência dos Estados Unidos, o debate sobre o clima mudou bastante. Trump é conhecido por minimizar a urgência das mudanças climáticas. Com ele no poder, muitas políticas ambientais foram enfraquecidas.

Apesar disso, seu retorno também trouxe efeitos inesperados. Com menos incentivo para práticas falsas, como o greenwashing, as empresas sérias em sustentabilidade sentem mais pressão para agir de verdade. Isso porque a tentativa de parecer “verde” sem ser realmente não traz mais benefício reputacional.

Esse cenário cria uma divisão clara entre quem realmente se preocupa e quem usa a imagem verde só para marketing. O resultado é um ambiente mais transparente para investidores que querem apoiar ações concretas contra as mudanças climáticas.

No entanto, a influência de Trump também fragiliza acordos internacionais e reduz o multilateralismo, criando obstáculos à cooperação global para o clima. Por isso, o impacto na agenda climática é complexo, com avanços e retrocessos combinados.

Ainda assim, a pressão dos investidores e da sociedade pode forçar mudanças. Em um cenário assim, o retorno de Trump pode ter ajudado a trazer mais urgência e clareza na luta contra a crise climática global.

Greenwashing e a exposição das práticas falsas

Greenwashing é quando empresas fingem ser sustentáveis para melhorar a imagem, mas não fazem mudanças reais. Essa prática tem sido comum, mas agora está sendo exposta de forma mais clara. Sem o incentivo reputacional para parecer sustentável, o incentivo para o greenwashing diminui.

O retorno de Trump enfraqueceu políticas ambientais, mas também enfraqueceu o chamado “marketing verde”. Isso mostra quem realmente se importa com a sustentabilidade e quem apenas usa isso para benefício próprio. Empresas e investidores que praticam greenwashing agora têm menos espaço.

Essa transparência ajuda os investidores a identificar projetos e empresas que têm compromisso verdadeiro com a pauta ambiental. No entanto, o mercado financeiro brasileiro ainda está distante de integrar plenamente os riscos climáticos na análise de investimentos, o que limita o impacto positivo das ações externas.

Uma estratégia importante para mudar o cenário é o stewardship, onde fundos influenciam as empresas em que investem para adotarem práticas sustentáveis. Essa abordagem é colaborativa e contínua, e pode gerar transformações reais, principalmente em setores com alta emissão de gases do efeito estufa.

Sem dúvida, o combate ao greenwashing é fundamental para fortalecer a confiança dos investidores e garantir um compromisso sério com a agenda climática.

Falta de integração do clima nas análises financeiras brasileiras

Muitas gestoras brasileiras ainda não incluem o fator climático em suas análises de investimentos. Isso significa que o clima não é considerado como um risco importante nas decisões financeiras. Essa falta de atenção é um problema sério para o mercado.

Analistas quase nunca perguntam sobre impactos ambientais nos resultados das empresas. Isso mostra que o tema está longe de ser prioridade. Sem essa visão, produtos chamados “verdes” acabam sendo mais vendas do que transformações reais.

O gestor Fabio Alperowitch destaca que é uma irresponsabilidade ignorar o clima nas avaliações financeiras. Para ele, é preciso amadurecer essa análise no Brasil. Incorporar o fator climático ajuda a identificar riscos e oportunidades reais nos investimentos.

Uma das estratégias para avançar nesse sentido é o stewardship. Esse método faz com que fundos influenciem as empresas onde investem para adotarem práticas mais sustentáveis. Esse engajamento colaborativo pode acelerar a transição para negócios mais alinhados ao meio ambiente.

Apesar do presente desafio, essa mudança de olhar é fundamental para que investimentos tenham impacto positivo e construam uma economia mais verde e responsável.

Desafios e oportunidades no agronegócio e setores emissivos

O agronegócio no Brasil enfrenta grandes desafios para lidar com as mudanças climáticas. Aproximadamente 75% das emissões de gases do efeito estufa vêm desse setor, ligados ao uso da terra, desmatamento e agropecuária. Isso mostra o impacto direto que o setor tem no clima.

Mesmo com esses problemas, a reação às mudanças ainda é lenta. Eventos como o El Niño, que afetou a safra, deveriam incentivar a adoção de práticas mais sustentáveis, mas essa mudança ainda não aconteceu em larga escala.

O setor só deve mudar diante de perdas significativas, o que pode gerar um choque necessário para repensar processos. Além do agronegócio, setores como frigoríficos enfrentam desafios ao apoiar atividades ligadas ao desmatamento.

Por outro lado, há oportunidades no caminho. Empresas como a SLC Agrícola investem na agricultura regenerativa, enquanto a Marfrig trabalha para diminuir o desmatamento em sua cadeia de fornecedores, usando rastreabilidade e monitoramento das emissões.

Esses exemplos mostram que, mesmo em setores intensivos em carbono, é possível e necessário avançar na transição para práticas mais sustentáveis. A estratégia colaborativa e continua é fundamental para gerar impacto real.

Governança e a importância do stewardship em investimentos

A governança é o pilar do ESG que mais chama atenção do mercado financeiro no Brasil. Enquanto os aspectos social e ambiental muitas vezes são ignorados, falhas na governança causam reações rápidas dos investidores. Isso mostra uma certa maturidade da indústria, mas indica que ainda há muito a avançar.

Um exemplo recente é o caso do Banco Master. Problemas de gestão agressiva e uso imprudente do Fundo Garantidor de Créditos chamaram atenção para o risco sistêmico e destacaram a necessidade de maior controle e regulação.

Além disso, o stewardship é uma estratégia importante para melhorar a governança e incentivar a sustentabilidade. Este método envolve fundos de investimento que atuam diretamente nas decisões das empresas, ajudando-as a evoluir em práticas socioambientais.

Investidores que adotam o stewardship têm mais poder para influenciar mudanças reais e pressiona as grandes empresas a adotarem práticas mais responsáveis, principalmente nos emissores de gases do efeito estufa.

Por fim, educar e conscientizar sobre a importância da governança e do stewardship é essencial para que o mercado evolua e consiga responder melhor aos desafios ambientais e sociais atuais.

Calebe Santos

Calebe Santos é um jornalista experiente, com mais de 15 anos de atuação cobrindo temas como empreendedorismo, estratégias de vendas, inovação e comportamento de consumo. Ao longo de sua carreira, desenvolveu um olhar atento para os movimentos do mercado e tornou-se referência em traduzir pautas complexas do mundo dos negócios para uma linguagem clara, acessível e relevante.

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